sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Somos...

Somos vento ou tempestade
Na insensatez do momento
Somos mar
Calmo e revolto
Na sombra
De um pensamento
Somos fogo
Somos água
Calor
Que rapidamente
Se esgota
Somos a terra
Que nos sussurra
Palavras
Que nos salvam
Da derrota

sábado, 5 de novembro de 2011

Rapaz que sorris

Rapaz que sorris
Imaginando-a nos braços
E desenhas seu rosto
Aperfeiçoando-lhe os traços
Manténs-te invisível
Aos seus olhos de mel
E em sonhos, apenas em sonhos,
Anseias por tocar sua pele
Tal como uma tela bela e perfeita
Que o pintor, com amor, pintou
Também tu assim a idealizas
Desde o instante que um olhar se cruzou.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Já...

Já sorri tantas vezes
Tendo vontade de gritar

Já vivi os reveses

De uma alma que deixou de lutar

Já fingi estar feliz

Quando o coração apertava

Já acolhi o que não quis

E que por dentro me matava

Já fui onde não queria ir

Já estive onde não queria estar

Com o rosto a sorrir

E os olhos infames a chorar

Já segurei uma mão sofrida

Pela tortura de uma mente vazia

Já limpei lágrimas a uma vida

Com as palavras da dor que eu própria sofria

Já andei dias sem fim deambulando

Pisando um chão incerto, doloroso

Querendo libertar-me do anseio que me foi apagando

Voraz, infinitamente poderoso

Já mergulhei nas entranhas do meu ser

Desejando encontrar um rumo, uma nova estrada

Sem coragem já, deixei-me desfalecer

Nos braços cruéis de uma vida errada…

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

vontade

Quero permanecer imóvel
No escuro das horas que passam

Quero restar insolúvel

Nas lágrimas que se derramam

Quero encontrar nova luz

Numa vida cansada e sombria

Quero esquecer o que me seduz

Mas me trás pouca alegria

Quero fugir do que me tem cativa

Encontrar meu rumo, encontrar meu Norte

Quero deixar de andar à deriva

E ser eu a ditar a minha sorte

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Vozes

Ouvem-se vozes trementes
Que se soltam num murmúrio inesperado

São vozes que estiveram dormentes

Encarceradas bem longe em degredo

Tentam fazer-se agora ouvir

Soltam gemidos

Que vão rompendo a boca selada

Que procura agora poder sorrir

Retomar tempos perdidos

E fingir que esses tempos não valeram nada

Os gemidos que tentam dar vida à voz

Crescem ganhando força para gritar

E num sopro de ar expirado

Deu-se alma às vozes

Que vão agora acordar

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Construimos sonhos

Construímos sonhos

Vindos do nada

Por vezes lutamos por eles

Sem ver mais nada

Ficamos amarrados

Sofremos por amor

E desses sonhos sonhados

Evidencia-se a dor

Perdemos vontades

Conquistamos agruras

E sem pensar nas verdades

Nos arrastamos por ruas escuras

Já cravados e sofridos

É então que desistimos da luta

Os sentimentos não são esquecidos

Mas ansiar o que não volta

Faz-nos emaranhar ainda mais

Em recantos escuros do coração

E perceber que foi tempo demais

A abafar a nossa razão…

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Os meus sorrisos são lágrimas

Os meus sorrisos são lágrimas

Que tombam incessantes pelo rosto

São espinhos que magoam um corpo

Inerte, sem vontade, sem gosto

Os meus sorrisos são lágrimas

Que despejam a intensa dor

Que o coração deixou de suportar

E a minha vida é apenas um rumor

Os meus sorrisos são lágrimas

Que secam e deixam um rasto triste

Que se espelha nos olhar que já não disfarça

E que vai dizendo que desiste

Os meus sorrisos são lágrimas

Emanadas de um tempo que passou

São fruto de uma luta constante

Que esse mesmo tempo não curou

Os meus sorrisos são lágrimas

Que o meu ser deixa agora cair

Os meus sorrisos são as lágrimas

De quem já não consegue sorrir…

domingo, 20 de março de 2011

Vivemos no silêncio

Vivemos no silêncio

Como se não houvesse amanhã

Alimentamo-nos da dor

Que a razão nos dá

Fugimos das luzes

Refugiando-nos na negritude

Que a nossa alma alberga

Sem gosto e sem virtude

Calamos as vozes que ouvimos sem rosto

Respiramos sem medo

Pelo meio das ruínas do nosso ser

E, lentamente, em segredo

Reaprendemos a viver

sexta-feira, 18 de março de 2011

Anturios no Coco

Saboreando instantes de doce ilusão

Saboreando instantes de doce ilusão

Vive-se, sofre-se, ama-se sem juízo e sem razão

É-se feliz assim, lutando por breves momentos

Na relatividade da vida, esquecem-se os tormentos

Tentando aproveitar cada novo dia que desperta

Desejando que seja único, que seja merecida esta oferta

Atravessam-se pontes, desbravam-se novos caminhos

E neste árduo percurso por vezes andamos sozinhos

Damos abrigo a emoções que um dia nos vão consumir

Sem perceber como, já deixamos de sorrir

Criamos monstros passivos, incapazes de lutar

Demos-lhes asas, ensinamo-los a voar

E quando acordamos, chorosos, no dia seguinte

Já nos levaram a alma para um local distante

E lá continuamos nós, tristemente, fazendo de conta

Que a dor que magoa é aquilo que nos acalenta

quinta-feira, 17 de março de 2011

garrafa decorada

Arranquem

Arranquem-me esta dor do peito

Seja docemente ou com ferros flamejantes

É uma dor que dilacera a alma

Com golpes fortes e constantes

As forças desapareceram por entre as lágrimas

Que caiem, rosto abaixo, sem parar

Fazendo nascer um rio sofrido

Que rasga caminho no corpo cansado de lutar

Terão eco nos séculos vindouros

Feridas que foram abertas sem cura

A chama que me consome manter-se-á acesa

Por entre os escombros de uma alma impura

terça-feira, 15 de março de 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A caneta parou novamente

A caneta parou novamente
Um amontoado de ideias fervilham

Pequenas luzes saltitam na mente

Mas mesmo assim nunca brilham

Incessantes, sem dar tréguas

Num corropio constante e desumano

Nem se chegam a espalhar pelas ruas

Vagueiam, tornando-me um ser insano

Quero agarra-las e uni-las

Dar-lhes forma e cor e verdade

Dar-lhes vida e, por fim, senti-las

Em palavras plenas de intensidade

Quero a coragem que agora me foge

E o sentimento que me torna capaz

Quero transformar as ideias de hoje

Sejam elas boas ou más

E nesta necessidade que urge

Em dias atormentados e sós

Cresce a ansiedade na qual surge

A palavra que ganha voz

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Olho para ti e sorrio

Olho para ti e sorrio

Com vontade de te abraçar

Ficamos perdidos no espaço

Lembramos o momento distante e frio

Em que interrompemos o caminhar

Agora queremos o abraço

Mas tu continuas, eu continuo

Continuamos perdidos no nosso olhar

Olhamos, soluçamos por dentro

Calamos a lágrima que quer sair

O coração vai pedindo baixinho

Que o aliviem do tormento

Que deixem a razão cair

E o afaguem de novo, num só caminho

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O tempo

O tempo esse malvado

Manipulador de emoções

Faz-nos crescer lado a lado

Esquecendo os corações

Depressa ele voa quando não deve

Lento é quando ansiamos o dia seguinte

E assim a imensidão se torna breve

E um segundo parece durar eternamente

O tempo esse grande malvado

Que tanto nos faz suspirar

Que nos faz amargar no bocado

Que falta para passar..